do natal

Foi mais ou menos assim. Foi apreciar o tal do tempo. E foi bom.

Eu não costumo puxar do cliché do ah! tu não tens filhos não sabes como é mas esta é uma daquelas alturas do ano em que ter filhos é o mote para tudo.
Depois de finalmente acertar o horário e locais das festas (acreditem que nem sempre é fácil) e já sabermos onde vamos quando e com quem já falta menos para o dia...

Começa lá para outubro/novembro quando as mães mais preocupadas começam a pensar no outfit das criancinhas. Nada fica ao acaso! Correm lojas, abrem baús, pedem emprestado, gastam horrores de dinheiro porque se os miúdos não estiverem vestidos de igual ou a fazer o belo do pandant quase que não é Natal!
(i) lá em casa já me deixei desta tradição. É qualquer coisa arranjada e confortável que não se encurrilhe toda na mala...

Depois para as mais prevenidas, começa a lista de presentes que não podem falhar. Estamos ainda mais atentas aos benditos fins de semanas de promoções, tiramos o dia para ir aos 50% em cartão e trocamos mensagens para saber o que é que a tua filha quer este ano ou qual é o super herói do momento. Poucas mães diligentes não terão já completa a sua lista lá para inícios de dezembro.

(ii) eu não fui a tempo dos 50%, fiz a lista e respectivas compras dia 22 e 23 de dezembro e esqueci-me de uma madrinha :/

E finalmente (depois longas horas de viagens para muitas famílias) lá chegamos ao destino. E é aqui que a história dos filhos chega ao seu melhor, e ao seu pior!
Se Deus quiser passamos dia 24 coladas às nossas mães a pôr mesas, fritar rabanadas, preparar tudo de barriga encostada à banca, a cheirar a canela e fritos e bacalhau. Quando podemos pedimos aos pais que levem as crianças a qualquer lado, que desapareçam com elas (deixa lá o meu presente que ficou para 24 e fica mas é com eles que já é um grande presente dizemos tratasses disso antes!)

Lá para as 7 começamos a pensar que são horas de ir trocar de roupa, lavar a cabeça porque estamos um caco e isto não é maneira de se passar o Natal. Tomamos um último café na cozinha e passamos logo a chávena por água porque loiça vai haver que chegue mais logo! E os miúdos já estão de volta em frenesim, temos que tratar de lhes pôr a tal roupa kitada que há meses está pensada (e claro que os homens não vão acertar com isso!), temos que os afastar da árvore e temos que responder a todas e quaisquer perguntas do estilo viste por aí algum duende?, a que horas chega o menino Jesus?, já posso abrir aqueles presentes ali? e por que não? Eles vivem o ano inteiro para estes dias, tentamos não perder a cabeça e o espírito de Natal e lá vamos adiando tudo para mais tarde, e que é já já a seguir, falta pouco (tretas...)

Depois jantamos finalmente (ah, o tal tempo)! Os míudos já comeram qualquer coisa e nem nos preocupamos se é muito ou pouco, é Natal, hão-de comer que chegue para uma semana (ou pelos menos eu sinto que sim). A televisão ajuda a entrete-los e como que por magia consegue-se jantar com alguma calma, com tempo. Não é um jantar diferente de tantos outros, mas é Natal, estamos todos mais bonitos concerteza, os gajos põe gravatas, andamos de coroas de papel colorido na cabeça e de facto há qualquer coisa de mágico. E uma maravilha de uma roupa-velha que no Natal tem um sabor diferente.

Depois cantamos ao Menino (este ano não cantamos não sei porquê!) e corremos para a outra freguesia onde nos esperam os presentes de um lado qualquer da familia. Nestes dias chovem presentes de todo o lado... Os putos só param de perguntar por mais presentes lá para dia 2 de janeiro!

Começa o festival de papel por todo o lado, de gritos de excitação, de alguns suspiros de frustração porque nem sempre gostam do que recebem, das comparações entre uns e outros, da trabalheira que é montar qualquer coisa e nós mães desesperadas a tentar esconder alguns num saco porque é demais, e eles a gritarem porque não têm ainda que chegue... E querem pilhas! e querem usar todas canetas numa parede qualquer e vão já perder peças de legos ou de qualquer aparelhómetro que ainda nem percebemos o que é! As mães a agradecerem os presentes e eles lá em baixo agarrados às pernas confusos porque afinal foi o Menino que os deu e o Pai Natal ia entregar mas agora para ceu uma Tia ao barulho vinda de onde?! Está instalado o caos, o tal que é o melhor e o pior do natal de quem tem miúdos...
Gerir onde se vai arrumar tudo, o que vai ficar a uso, o que vamos ter que ir trocar, ler caras das mães e perceber que não adoram aquela cor ou afinal eles já não acham piada a isto e fazer um lembrete mental de que tamanho vestem para o ano acertar. Gerir o tempo de arrumar a cozinha e acompanhá-los neste caos, o tempo de carregar o carro com sacos e ter a certeza de que não fica nenhum para trás. e saber de quem é o quê (3 filhos dá direito a não conseguir perceber!). Vestir casacos, carregar sacos, mete-los no carro (os miudos e os sacos) e repetir tudo dia 25....

Pô-los na cama à 1h30 da manhã, tirar o sono da tarde, as birras que se desculpam porque estão desnorteados, o desafio de os tirar da cama no dia seguinte... Não é esta vida que são 2 dias, é o Natal.


Comments