A óptica do olhar

"Só se vê bem com o coração"

(A. de S. Exupéry)
Já se fizeram tratados sobre o olhar! A óptica do olhar, parece redundância, mas é coisa séria. Seríssima, aliás!

Escritores, poetas, sociólogos, psicólogos, todos já falaram dos significados que o olhar traz.

Os românticos vêem-no sob a óptica do amor. A importância que se dá ao olhar, sempre foi preocupação universal. Os russos tornaram imortais os "Olhos Negros". Os latinos ensinam: "Aqueles olhos verdes, translúcidos serenos.. parecem dois amenos, pedaços de luar..."A canção portuguesa diz: "Teus olhos castanhos de encantos tamanhos... sinceros, leais..."

Sem dúvida nenhuma, o olhar é significativo demais porque ao mesmo tempo que vê o mundo, espelha a alma. Há quem veja sem olhar, e há quem olhe sem ver. Olhos alegres reflectem alma alegre. Olhos tristes são o espelho de uma alma assombrada por angústias.

Há que se ver com o coração diz Exupéry. Contudo, ao ver com o coração, ficamos nas mãos da coisa mais incoerente, irracional e sem limites que existe dentro em nós! Já não mandamos nessa óptica, porque nos foge o controle... Escapa do nosso decidir.

Mas o maior enigma, a mais difícil equação de nossas vidas, está em olharmos pra dentro de nós mesmos. Tem que ser um olhar explorador! Tem que ser um olhar perscrutador! Tem que ser um olhar verdadeiro! Um olhar que saiba decifrar as pequeninas inquietações, mas saiba também enxergar a solução, para que elas não se tornem fantasmas na nossa vida. Olhar pra dentro de nós mesmos, exige um olhar sábio e corajoso, sem meias verdades. A minha Mãe sempre me disse: "olha bem para os meus os meus olhos"!

O que importa é a amplitude e a imensidão de amor e compreensão, seja para ver o exterior, seja para ver nosso interior. O olhar precisa ser carregado de significados, mas muito mais de significantes. Olhar além de nós, olhar dentro em nós, não importa... O que importa é que seja um olhar corajoso, sem medo de ver o que não se quer ver. Olhar sem medo de ver, de repente, o que nunca se viu, e ter coragem de reconhecer! Então completemos o pensamento de Exupéry, dizendo :

"Só se vê bem, se pusermos o coração no olhar, para que o essencial não se torne invisível aos olhos!"

"este teu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que nem posso acreditar..."

ideia de Ercília Ferraz de Arruda Pollice