das sexta-feiras

Quando chega sexta-feira há um misto em mim que se forma. Há a sensação de é sexta-feira, yeah!! e logo a seguir em fracções de segundos vem o: pânico do fds!





Não tenho medo, mas tenho a vida formatada em termos tão diferentes agora que às vezes a ginástica de desligar à sexta e ligar à segunda é um esforço. Ainda não cai naturalmente. Ainda tenho que programar.
Acharia eu que era uma besta, tipo reles que não gosta de passar o fds com a família e percebo que por aí andamos todos a pensar quase o mesmo.

Que a semana não chega para tudo e o fds às vezes torna-se demais, porque isto de ser Mãe consome muito mais de nós do que qualquer dia de trabalho, seja ele dos piores. E não falo de fazer trabalhos de casa, cortar unhas, ter que fazer os almoços e limpar rabos. Falo de tudo aquilo para que acho que estou formatada para fazer e que depois não me apetece ou atrapalho-me e o dia corre todo meio malzote.


Chega a quarta-feira e começo a receber emails e newsletters do que fazer no fds, ideias giras com os seus filhos, etc e tal. Tudo tangas! Giro é fazer o que nos apetecer, chato é se aquilo que apetece é ver televisão ou fazer coisa nenhuma!

Não sinto em mim a obrigação de ter que ter programa mas sinto a culpa de não o ter.

Isto de ter filhos põe-nos tão mais burras quanto mais produtivas, e há estudos que o confirmam. Que quanto mais filhos temos mais produtivas somos, mas isso só é verdade a partir do momento em que eles estão crescidos, claramente...

In other words, three preteens will result in a 33 percent loss in productivity on average (...) But as any parent knows, the days are long and the years are short.
Eu estou ainda no limbo, na zona vermelha! Naquela fase em que nos sugam a paciência, a inteligência, a força no cabelo, o vigor do corpo. Mas por outro lado vigoram a alma, enchem-nos os corações além das medidas. Deixam-nos no desespero quando não colaboram, deixam-nos no céu quando o fazem. Põe-me em lágrimas com a frustração deles e portanto minha. Deixam-me em extâse quando tomam a iniciativa, quando sabem uma música ou arrumam os brinquedos sem que isso seja uma batalha.

Aí paro, vejo que estão a crescer... e pronto, a tal da culpa de não aproveitar os fds, de não ter mais paciência, de não ser mais divertida e dinâmica, de não ter programões para fazer e de querer apena estar com eles. A falsa resolução de que no próximo fds vamos fazer qualquer coisa top!

Este não, não fiz os planos. Tenho coisas para arrumar, roupas de inverno para repôr, queria ir ao IKEA e talvez os ponha nas bolas que eles adoram. E aí recebo uma medalha porque ESSE foi o programa! Vale-me que os meus filhos não tenham grandes expectativas! Se bem que a mais velha quer ir ao cinema. O que se vê nos dias d'hoje?

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