da quantidade

Não foi um acidente. Não foi força do destino nem sugestão da OpusDei. Não foi pelo mísero desconto das Famílias Numerosas, nem foi porque os irmãos me pediram muito.
Não percebo muito bem o tipo de julgamentos que se faz quando chegamos ao 3º filho. Menos ainda percebo por que raio o 3º tem que ter uma motivação diferente de qualquer outro para acontecer.

Mas eis que acontece.

Acho que foi mais complicado do 1º para o 2º do que do 2º para o 3º, que a dinâmica familiar abana mais. Mas a estrutura abana mais com o 3º. Quando me perguntam como é ter três filhos, só me ocorre dizer que é mais caro. Porque o é! A logística da escola, da casa, do carro custam dinheiro, que não haja ilusões sobre isso! E acrescem as fraldas, as vacinas, os seguros, os sapatos (god, como eles gastam sapatos!), a roupa que nem sempre dá para herdar, as refeições, os presentes. Em paralelo acrescem os beijos, as brincadeiras, as diferenças, a dedicação.

A casa tem dias em que está um caos e a roupa para lavar transborda todos os cestos! Há dias em que é só gritos e não consigo dar atenção a todos e tenho que escolher um... Há dias em que nos safamos com piza e finjo que foi porque eles pediram, mas na verdade não me abasteci para mais. Porque a semana voa, porque estou cansada para ir às compras, porque não me organizei que chegasse... E sim, porque gostamos de piza. Há dias em que nos pegamos por tudo e por nada, mais barulhentos naqueles em que se unem os 3 contra mim, oh mas quando se unem os 3 por mim...

Eu sou a do meio de uma ninhada de 7, já tenho alguma experiência no relativizar do caos, nas bulhas, nas disputas por merdices, nas roupas e perfumes usados à sucapa, mas sabemos nós que isso não é treta nenhuma, é só barulho e ruído. Eu quero isso para os meus filhos. Quero o barulho que não surda nunca o que realmente interessa. Quero que sejam amigos, realmente amigos. Quero que tenham saudades uns dos outros como eu tenho dos meus irmãos, quero que se preocupem com eles e em coro como nós nos preocupamos por nós e com os nossos pais. Quero que nunca se sintam sozinhos, que tenham as histórias que mais ninguém tem, que tenham truques de comunicação e falem numa linguagem que só eles entendem.

Ter 3 é muito bom, não digo que é o paraíso, porque esse está onde cada um o quiser. Tivesse eu tido um que não comesse, não dormisse ou que tivesse qualquer coisa mais complicada, provavelmente não teria esta opinião. Mas tivemos a benção e a trabalheira de os ter perfeitos. Insurrectos, mas perfeitos!

Uma coisa é certa, um só não basta. Mas estou ainda para saber a partir de quantos é que já são demais...

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