do Herberto
Hoje morreram 150 pessoas num avião. E morreu aquele cujo primeiro nome ninguém se lembrava, o Herberto Helder. Morreram muitas pessoas e muitas morrem todos os dias.
Não penso muito na morte, não a temo. Correção: temo a morte que não a minha. choro só de pensar na morte de um filho. Isso faz-me tremer, faz-me querer ir agarrá-los com força, acordá-los, cobri-los de beijos. E percebo que o faço porque posso, porque me é fácil.
Repenso na minha atitude perante a morte. Respeito-a demais para a desafiar e sinto que se vai infiltrando a pouco e pouco, vai-se anunciando... Até hoje só "me morreram" Avós. E só estive presente para enterrar 2 deles. Por isso um dia destes a morte arrasa-me, leva-me o melhor de mim, leva-me os meus e eu não sei ainda como lidar com isso. Se choro por antecipação não sei se sobreviverei qualquer coisa mais concreta. Damn... não estou preparada.
Penso no que fazer para isso, para ser valente, para ser prestável, para sobreviver e concluo que o primeiro passo deverá ser fazer aquilo que faço com os meus filhos. É encher alguém de beijos, é dizer o quanto gosto deles, é fazê-los felizes, é vocalizar em vida aquilo que normalmente deixamos para depois da morte. É olhar e gozar tudo o que posso e consigo. É tirar fotografias, mentais ou não, de todos os momentos. É dar a mão e puxar abraços. É viver. É não adiar coisa nenhuma porque o tempo não espera por nós. E também não volta atrás. É ser feliz e ter paixão.
«Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?»
Não penso muito na morte, não a temo. Correção: temo a morte que não a minha. choro só de pensar na morte de um filho. Isso faz-me tremer, faz-me querer ir agarrá-los com força, acordá-los, cobri-los de beijos. E percebo que o faço porque posso, porque me é fácil.
Repenso na minha atitude perante a morte. Respeito-a demais para a desafiar e sinto que se vai infiltrando a pouco e pouco, vai-se anunciando... Até hoje só "me morreram" Avós. E só estive presente para enterrar 2 deles. Por isso um dia destes a morte arrasa-me, leva-me o melhor de mim, leva-me os meus e eu não sei ainda como lidar com isso. Se choro por antecipação não sei se sobreviverei qualquer coisa mais concreta. Damn... não estou preparada.
Penso no que fazer para isso, para ser valente, para ser prestável, para sobreviver e concluo que o primeiro passo deverá ser fazer aquilo que faço com os meus filhos. É encher alguém de beijos, é dizer o quanto gosto deles, é fazê-los felizes, é vocalizar em vida aquilo que normalmente deixamos para depois da morte. É olhar e gozar tudo o que posso e consigo. É tirar fotografias, mentais ou não, de todos os momentos. É dar a mão e puxar abraços. É viver. É não adiar coisa nenhuma porque o tempo não espera por nós. E também não volta atrás. É ser feliz e ter paixão.
«Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?»
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