da p.u.tê.á

Tem que haver alguma coisa que nos inspire todos os dias. Nalguns serão pessoas e conversas, noutros são músicas que não nos saem da cabeça e noutros será a vida em si. Destes pequenos detalhes há dois que me inspiram frequentemente, que fazem o mode setting da minha mente. Ironicamente estão grafitados bem alto numa ponte e um não vê o outro, está cá um do seu lado.
O primeiro com que me encontro é um romântico, cheio de boas intenções, mais do que a de me inspirar:

se todos derem as mãos quem irá sacar das armas?
Adoro! Acho brilhante o raciocínio, acho bonita a metáfora e acho fenomenal a diversidade de aplicações que podemos dar a isto... Saio do semáforo e estaciono o carro já mais animada. Depois começa o dia e percebo que está meio mundo de armas em punho. O cenário já não é tão inspirador. Tenho a gana de sacar também das minhas armas, de usar a força e espalhar medo, mas não.
E penso que talvez se sair, se for arejar me inspiro de novo, que afasto ideias estúpidas da cabeça e retempero o temperamento. Sou da paz. E aí me cruzo com o outro marco do dia, aquele em que hoje reparei mais ainda porque foi alterado, adulterado, mexido e minimizado. Então dizia assim:

bora lá fazer a puta da revolução!

Ora agora cortaram a p.u.tê.á e acho que perdeu um bocado a força. Porque eu sou a favor da boa revolução, seja ela qual for, não é de agora, sou a favor da mudança quando ela é imperativa e para melhor. E aquela pequena frase dava-me algum alento. Que mais alguém o quer fazer também, que mais alguém acha que qualquer coisa deve mudar e tem a coragem ou a força para o fazer. E eu secretamente repetia baixinho, vamos lá... mas agora se calhar já não vamos, se calhar a abordagem é mesmo a de dar as mãos, que isto sem a p.u.tê.á não é a mesma coisa. Damos as mãos?



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