dos planos
Lá vêm a história de que uma revolução é que era...
Mas não era em mim, na minha vida, era na humanidade em geral, em Portugal em particular! Gostava de assistir a uma revolução que passasse pelos locais de trabalho, nas bancadas do parlamento, nos canais de televisão, nos facebooks de toda a gente, nas ideias do povo. Uma que nos obrigasse à transparência de intenções, que exigisse o cumprimento das promessas, que responsabilizasse a culpa que morre sempre nos mesmos! Que nos lembrasse que as relações se fazem de pensamentos, actos e omissões.
Gostava de saber (ou achar ou sentir) que estamos todos nos mesmos pressupostos, que todos vemos as mesmas coisas porque mesmo quando não há grandes interpretações possíveis ainda aparecem umas dúzias. Que a frontalidade e a genuinidade fossem condição sine qua non para abrir a boca.
ai, e os actos!...
Tira-me do sério a falta de carácter, a falta de escrúpulos, a burrice e a total ausência de honra que vejo por aí. A leviandade com que se diz uma coisa e faz outra, a facilidade com que se põe a pata no mais fraco ou no distraído, a maldade com que se imputa o erro ao bem intencionado, o falhanço ao corajoso. Mas andamos todos a brincar aos coitadinhos cheios de medo?! Um dia perco mais a cabeça, um dia digo o que não devo a quem não devia. Um dia não faço nada a ver se se nota.
Mas não, não vou perder a cabeça, tenho planos mais subtis e quem sabe inteligentes? Já tinha ameaçado, agora quero contrariar a minha forma de ser e vou virar besta. Planos sérios de tratar todos como os vejo tratarem os outros! De ser tão inflexível ou tão quadrada quanto me for permitido! Planos sérios de não fazer o que me compete e literalmente assobiar para o lado quando vierem pedir satisfações - todos se safam, eu hei-de de consegui-lo também! Planos sérios de usar esquemas, criar ilusões, roubar ideias, torcer a realidade, começar zaragatas e desaparecer de cena. Planos sérios de me fazer de burra, de só me lembrar do que me convém, de me esquecer daquilo que não me sai da cabeça. Planos de baixar os braços quando a carga é pesada, de passar rasteiras quando for ultrapassada, de largar a mão quando for o momento mais estúpido de o fazer... Planos de acenar com a cabeça enquanto penso que nem sei do que falam, planos de apertar com uma mão e apunhalar com a outra. Planos de safar o meu coiro em vez de tentar ajudar, planos de ser a melhor a descobrir de quem é a culpa e não começar por mim. Planos de ser o mais possível parecida com o pior da espécie.
Eu tinha planos... sérios! Mas sinceramente não consigo. Sinto-me mal tão só por escrever que o faria, não conseguia ser assim e não consigo perceber como alguém e tantos o são. É uma pena... é uma pena eu não conseguir, nem uma coisa nem outra. Porque sinto todos os dias que há coisas que não vão mudar nunca e há coisas que só vão piorando... Não há revolução que se faça, nem começará certamente comigo, sozinha, meia palerma ainda a aprender como ser cabra e chica-esperta. Há-de haver por aí algum curso que me escapou... há-de haver por aí gente muito infeliz, porque viver, conviver assim, isto deve dar cabo de uma pessoa!
Mas não era em mim, na minha vida, era na humanidade em geral, em Portugal em particular! Gostava de assistir a uma revolução que passasse pelos locais de trabalho, nas bancadas do parlamento, nos canais de televisão, nos facebooks de toda a gente, nas ideias do povo. Uma que nos obrigasse à transparência de intenções, que exigisse o cumprimento das promessas, que responsabilizasse a culpa que morre sempre nos mesmos! Que nos lembrasse que as relações se fazem de pensamentos, actos e omissões.
Gostava de saber (ou achar ou sentir) que estamos todos nos mesmos pressupostos, que todos vemos as mesmas coisas porque mesmo quando não há grandes interpretações possíveis ainda aparecem umas dúzias. Que a frontalidade e a genuinidade fossem condição sine qua non para abrir a boca.
ai, e os actos!...
Tira-me do sério a falta de carácter, a falta de escrúpulos, a burrice e a total ausência de honra que vejo por aí. A leviandade com que se diz uma coisa e faz outra, a facilidade com que se põe a pata no mais fraco ou no distraído, a maldade com que se imputa o erro ao bem intencionado, o falhanço ao corajoso. Mas andamos todos a brincar aos coitadinhos cheios de medo?! Um dia perco mais a cabeça, um dia digo o que não devo a quem não devia. Um dia não faço nada a ver se se nota.
Mas não, não vou perder a cabeça, tenho planos mais subtis e quem sabe inteligentes? Já tinha ameaçado, agora quero contrariar a minha forma de ser e vou virar besta. Planos sérios de tratar todos como os vejo tratarem os outros! De ser tão inflexível ou tão quadrada quanto me for permitido! Planos sérios de não fazer o que me compete e literalmente assobiar para o lado quando vierem pedir satisfações - todos se safam, eu hei-de de consegui-lo também! Planos sérios de usar esquemas, criar ilusões, roubar ideias, torcer a realidade, começar zaragatas e desaparecer de cena. Planos sérios de me fazer de burra, de só me lembrar do que me convém, de me esquecer daquilo que não me sai da cabeça. Planos de baixar os braços quando a carga é pesada, de passar rasteiras quando for ultrapassada, de largar a mão quando for o momento mais estúpido de o fazer... Planos de acenar com a cabeça enquanto penso que nem sei do que falam, planos de apertar com uma mão e apunhalar com a outra. Planos de safar o meu coiro em vez de tentar ajudar, planos de ser a melhor a descobrir de quem é a culpa e não começar por mim. Planos de ser o mais possível parecida com o pior da espécie.
Eu tinha planos... sérios! Mas sinceramente não consigo. Sinto-me mal tão só por escrever que o faria, não conseguia ser assim e não consigo perceber como alguém e tantos o são. É uma pena... é uma pena eu não conseguir, nem uma coisa nem outra. Porque sinto todos os dias que há coisas que não vão mudar nunca e há coisas que só vão piorando... Não há revolução que se faça, nem começará certamente comigo, sozinha, meia palerma ainda a aprender como ser cabra e chica-esperta. Há-de haver por aí algum curso que me escapou... há-de haver por aí gente muito infeliz, porque viver, conviver assim, isto deve dar cabo de uma pessoa!
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