da letra

Os dias fazem-se de pequenas conquistas. Pequenas mas brutais, cheias de esperança e bons adventos.
A terapia continua, o esforço mantém-se, organizámos as agendas, repensámos os horários, alterámos as motivações e os resultados surgem, devagarinho, como pequenas conquistas. Uma coisa tão simples como a caligrafia é o sinal por que esperávamos, uma coisa tão básica como acertar com letras em cima das linhas vale mais do que um 100% num teste!

Tentámos ene abordagens a um problema que poderia ter passado desapercebido em qualquer outra criança, mas não na nossa, porque é a nossa. A coisinha mais doce é também a mais distraída, a menos concentrada... Com todo o mérito que tem a escola, a professora, a terapeuta, os amigos, o que me parece que faz a diferença, mesmo, é a nossa atitude. A nossa aprovação, a nossa solidariedade quando está cansada, a nossa insistência quando está do contra, a nossa meiguice quando está frustrada... E dizer-lhe que tudo vale a pena e que se pensar com mais calma e não galopar as ideias vai descobrir que sabe tudo, porque sabe. Com voz meiga, sem pressa, sem gritos, sem muito stress.
Percebemos que ela não vê ainda o mais além, o futuro, e percebemos que não lhe compete ver, de facto. É um problema nosso, ainda. 

É deixá-la crescer devagar, poder brincar se lhe apetecer porque ainda está no tempo disso, ir anunciando que um dia vai deixar de ser e ela vai gostar. É valorizar as sardas e o cabelo, a letra e os resultados. Tudo faz diferença. E eu tive que aprender isto também. Aprendemos as duas ao mesmo tempo, e eu ainda vou a tempo de ser espelho dela, enquanto ela deixa de ser o meu...

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