das ganas de uma mãe
O B. está pasmado no meio do campo, a bola passa por ele e ele nem se mexe. O B. está com um lápis na mão - tem que fazer contas e eu ainda estou a pensar e já ele escreveu o resultado. Claramente é do clube do brilhantismo. E eu tenho que pensar como processar isto. A X. é das artes. E eu estou a aprender a pô-la nas letras... Agora isto? é mais uma novidade. A parentalidade tem estado cheia delas e vejo que se vão multiplicar por tantos filhos quantos tenho.
A parentalidade, esse palavrão da moda, está toda lixada se for trenga como eu! Eu vejo os miúdos com alguma dificuldade, com alguma contrariedade e tudo o que quero é fazer por eles ou gritar-lhes que o façam. Tenho a gana de correr para o campo e levar a bola nos pés, ou de pegar no lápis e escrever eu uma composição depois de dar uma cepa, mas não posso. Não podemos... Leio e ouço por todo o lado que eles têm que sentir, aprender, sofrer. E nesta parte sinto-me pequena, porque na maioria das vezes não vejo a vantagem de sofrerem.
Há uns tempos vi um gif qualquer que era uma galinha a arrancar penas de si a pôr num coração que tentava fugir, e então deu-lhe asas. Eu não cheguei lá ainda, sinto que eles não querem ir a lado nenhum e eu não os quero deixar. Quero que fiquem debaixo das asas enquanto couberem e a vida insiste que já não vão cabendo, que é altura de ir depenando...
Penso que a minha Mãe não fez tudo por mim, na verdade muito pouco acharia eu na altura, e eu cá estou, plenamente consciente de que tive uma infância feliz e de que a minha Mãe terá feito a coisa certa, deixou-me "sofrer os horrores". Desamores, amuos, incompreensões, gozos e gritos e eu convencida, na altura, de que isso era sofrer. E agora, no pico dos 36 fico meia palerma e acho que o que eles sofrem é muito pior do que o meu "sofrimento". Claramente pouco sei sobre o assunto.
Sei que na altura não gostei de ser posta de lado porque não tinha city jeans, de ser gozada porque era boa na baliza - porque era balofa - e de ser criticada por não ser boa a música. Dei a importância que na altura me pareceu pertinente - imensa - e não quero deixar os meus filhos passarem pelo mesmo, mesmo sabendo que não me fez mal nenhum senão ter um ódio de estimação por leggings!
Eles vão ter que perceber sozinhos o que é "sofrer" e eu vou ter que aprender a deixá-los sentir, eles vão ter que saber em que é que são bons ou maus e eu também.
A parentalidade, esse palavrão da moda, está toda lixada se for trenga como eu! Eu vejo os miúdos com alguma dificuldade, com alguma contrariedade e tudo o que quero é fazer por eles ou gritar-lhes que o façam. Tenho a gana de correr para o campo e levar a bola nos pés, ou de pegar no lápis e escrever eu uma composição depois de dar uma cepa, mas não posso. Não podemos... Leio e ouço por todo o lado que eles têm que sentir, aprender, sofrer. E nesta parte sinto-me pequena, porque na maioria das vezes não vejo a vantagem de sofrerem.
Há uns tempos vi um gif qualquer que era uma galinha a arrancar penas de si a pôr num coração que tentava fugir, e então deu-lhe asas. Eu não cheguei lá ainda, sinto que eles não querem ir a lado nenhum e eu não os quero deixar. Quero que fiquem debaixo das asas enquanto couberem e a vida insiste que já não vão cabendo, que é altura de ir depenando...
Penso que a minha Mãe não fez tudo por mim, na verdade muito pouco acharia eu na altura, e eu cá estou, plenamente consciente de que tive uma infância feliz e de que a minha Mãe terá feito a coisa certa, deixou-me "sofrer os horrores". Desamores, amuos, incompreensões, gozos e gritos e eu convencida, na altura, de que isso era sofrer. E agora, no pico dos 36 fico meia palerma e acho que o que eles sofrem é muito pior do que o meu "sofrimento". Claramente pouco sei sobre o assunto.
Sei que na altura não gostei de ser posta de lado porque não tinha city jeans, de ser gozada porque era boa na baliza - porque era balofa - e de ser criticada por não ser boa a música. Dei a importância que na altura me pareceu pertinente - imensa - e não quero deixar os meus filhos passarem pelo mesmo, mesmo sabendo que não me fez mal nenhum senão ter um ódio de estimação por leggings!
Eles vão ter que perceber sozinhos o que é "sofrer" e eu vou ter que aprender a deixá-los sentir, eles vão ter que saber em que é que são bons ou maus e eu também.
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