da televisão

Já há muito tempo, há uns meses vá, que lá em casa não se vê televisão sem mais nem menos. Que não se chega da escola e se corre para a sala dos brinquedos desenfreado para ver qualquer coisa.
Sim, os meus filhos, um mais que outros, colam, paralisam e bloqueiam com "qualquer coisa" que venha de uma fonte energética, vulgo, tv, ipad, tlm, you name it...

Tínhamos esta preocupação há algum tempo e tirar-lhes a televisão da sala foi e é ainda um desafio. Houve choro, gritos, e "odeio esta família!" Houve "o que é que eu hei-de fazer?" e "não tenho nada para fazer" dias sem fim - sim, se calhar não devíamos ter arrancado com este projecto a meio das férias!

Agora estão ocupados com TPC's, natação e volei, catequese ou ir ao parque. Ajudam no jantar, demoram mais nos banhos, leêm mais livros e coleccionam, de facto, cromos. Aprenderam a ocupar-se e fez-lhes bem. A todos os níveis. E como eu própria não vejo televisão não foi difícil dar-lhes ideias de coisas para fazer sem ser "especar".

Estamos numa fase em que cada um gosta de programas diferentes e conciliar os 3 é só mesmo com filmes. Já não há um consenso no canal que querem ver, o que nos facilita bastante a vida. Nos tempos em que podem ver televisão, temos uma lista pré-definida onde se encontram só e apenas canais para crianças e ainda tinha a MTV para ouvirem música até ver alguns videoclips e perceber que era má ideia... o Biggs não está na nossa lista. Nunca gostei do canal e nenhum dos miúdos pareceu querer ver alguma coisa em especial que lá passasse. Menos mal. Já só nos falta cortar o cartoon network...

Eis quando senão nos vemos confrontados com este episódio (ver minuto 12) de um desenho animado que lá passa. Preparem-se para ficarem enojados, enjoados e seriamente preocupados. Nós estamos!
E rezem para que as vossas crianças nunca se cruzem com qualquer coisa do género. Eu rezo.

Todos os dias tenho que pensar em como dizer algumas coisas às crianças. Uma das que nos preocupa é eles perceberem o que é abuso, o que é normal para um adulto fazer ou não. Quando é devem fugir, confiar... A luta e os desafios são cada vez piores: a X. pede uma conta no FB e um telemovel;  o B. anda com medo que morramos e pergunta entre lágrimas gordas "que vai ser de mim se vocês morrerem?..." ; o L. põe moedas nos bolsos e traz coisas da escola como se de ninguém fossem e não entende que isso é roubar!

E no meio da confusão que vai nas nossas cabeças, de não saber como passar algumas mensagens tão básicas e essenciais para o resto da vida deles e da nossa, eis que surge isto. Já me tinha aparecido no mural do FB mas não dei grande importância. Até o A. me perguntar de novo se lá em casa tínhamos este canal e eu ver o vídeo para tentar perceber o porquê de tanto pânico. E percebi.
Sinto-me - além do tudo acima mencionado - desconcertada com a normalidade.

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