do clichê(s)



Paro e faço uma nota mental: escrever sobre isto... e depois lá se foi a ideia, o momento ou a lógica ou a causa, tipo: férias, piolhos, regresso às aulas, dietas... going gone gone!

Agora estou num aeroporto. Faço off do instagram e enquanto aguardo pacientemente e folheio uma revista lembrei-me que era boa altura para vir aqui. Vou sendo notificada de likes e comentários e espreito mais umas # para ver mais umas coisas que gosto antes de me desligar da rede.

Alguns não entenderão concerteza estes meus fascínios por chãos e azulejos, por tectos e espelhos, por mim ou por coisas parvas que me fazem parar e perder 15 segundos a apreciá-las e a guardar o que consigo. Os meus olhos tiram tantas mais fotografias do que aquelas que tenho...
É que eu não consigo guardar tudo e estou numa fase em que me permito perder tempo a apreciar (-me e) o que me rodeia e percebi que há mais quem goste. Imaginava eu que pelo mundo fora haveria quem mais perdesse tempo a olhar para o chão?! Ou que tivesse um fascínio com espelhos? E de uma forma desvinculada eu crio vínculos com gente de todo o mundo. E dou-me ao luxo de perder tempo com isto e assumo sem qualquer vergonha que me diverte e que me agrada: acho um piadão a isto!


Assumo que muitas vezes andei as redes sociais e blogs em estilo cusca, sem grande coisa em comum senão o facto de terem um blog ou um perfil no FB ou no instagram e depois percebi que não tenho pachorra... e muitos não terão pachorra para mim e para este blog mas a maravilha desta fase que atravesso é que I really don’t care. A vantagem da tecnologia é o off que se pode fazer. E eu ando a dar off em tanta coisa...
E vejo que há mais mulheres na mesma onda. Nesta onda de não nos termos que chatear, de só nos fazer o que apetece e quando queremos. De sabermos o que queremos. Sinto que a bela da revolução já começou e sou parte dela. Mas falo por mim.

Não sei se é dos quarenta que se aproximam, não sei se é da convivência com especialistas da mente humana, se é da experiência que acumulamos. Pode até ser das hormonas que escolhemos ou não ter em nós. Pode ser de ter sido aumentada ou de ter novos quadros em casa. Pode ser de muita coisa, mas sinto que é de dentro que sai esta energia. Esta coisa boa de me conhecer melhor agora do que nunca, de me aceitar assim, tal e qual. E de querer mais ou menos coisas e assumir isso: tipo, quero insuflar marufas ou fazer dietas milagrosas. Quero mudar o estilo de roupa ou armar-me em blogger ou de me acharem um modelo a seguir em qualquer treta. Quero mais filhos, não quero os que tenho, quero um novo emprego ou trocar de carro.... o que for! Esta coisa de dizer o que nos apetece, conquanto que não ofenda ninguém, chegou também aqui. Esta coisa de ser cada vez mais eu e de me pôr em primeiro lugar de vez em quando. De ser mais mulher. De pensar não só no que devo fazer mas tentar conjugá-lo com o que quero. Tirar tempo, evaporar sem sentimentos de culpa... E saber que quando regresso venho melhor. Sinto-me plena e mais feliz.

Estes últimos meses favoreceram esta moda de me achar dona de mim mesma de perder tempo a pensar com calma, sem gritos, sem pressas e sem horários. Sem reuniões, sem tpc’s, sem gente. Mesmo quando tenho tudo isso, agora domino a arte de fingir que não, nem que seja nos meus 15 minutos de procrastinação. Acho que também melhorei por não fumar. Não pelo dinheiro ou vida que poupei, mas pela certeza de que há coisas que eu consigo, controlo e venço, sozinha.
E quanto mais me habituo a isto, mais encaixo os clichês que andam por aí e percebo que não são clichês. São pérolas de sabedoria (passo a expressão pirosa) e são de facto um modo de vida, um #tommotto,  pelo qual me guio e que finalmente mostra resultados.

É isto: sou mais eu. O A. diz que sou muito intensa. Eu sei, mas sou eu.

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