do desapego e da injustiça


talvez seja das vésperas, mas ando assim a modos que murchinha. e bem posso ir achando que não é nada, ou que há-de ser qualquer coisa que nem sei o que é mas que vai passar, posso tentar desatar um nó na garganta, posso muita coisa, mas ando numa de poder mas é aproveitar o que curto. o que me agrada, o que me contenta e não me cobra. o que compartilha e que dá sem esperar nada em troca. ando nessa onda, do desapego de coisas para me apegar às gentes. porque quando estamos assim mais para o calados e mais observadores percebemos melhor o quão depressa vida passa. num ápice. e nem sempre passa bem portanto temos mesmo que aprender e geri-la.

eu achava que era uma pessoa desapegada e não há nada que eu negue a ninguém. de mim, das minhas coisas, e não me lembro de ser diferente disto. eu desprendo depressa porque não sei fazê-lo de outra forma. eu abraço forte porque é assim que se faz. não negoceio, não troco, não discuto. eu dou. [ mas tenho também a consciência de que sou consumista. de que em dois cliques comprei uma camisola sem a qual passaria bem ou de que faço escolhas impulsivas, assim ao jeito intenso que sou.]

isto do desapego dá também trabalho. isto da generosidade pode também ser doloroso. porque eu não troco, eu não negoceio, mas guess what? quem não o faz é o coração, porque a seguir vem o cérebro e relembra-nos de que podíamos ter créditos com alguém, pedir um perfuminho ou cobrar um favor. isto do cérebro e do coração serem tão díspares deve ter que se lhe diga, mas não eu, não percebo nada disso e só me guio pelo instinto e pelo intuito. nem sempre corre bem. o meu filho B. agora clama justiça por tudo e por nada! sente-se injustiçado se estiver sol na madeira e chover em lisboa, se o primo do amigo do filho da avó da tia tiver recebido uma chiclet, ai por Deus por que não tive eu?! e isto anda a moer-me o juízo! porque a comparação é mais a origem de decepções do que de motivações, de nada nos serve a comparação principalmente se somos únicos como ele o é e não nos falta nada. e todos os dias por algum motivo ele diz-se injustiçado e eu não sei bem como contrariar isto... quando dou beijos ao L. na cama de baixo ele conta-os para ter a certeza de que não teve nem menos um que o irmão! e eu não lhe quero  negar um beijo mas irrita-me que mo cobre! tem que haver outra forma... 

não sei se se nasce assim, a sentirmo-nos constantemente injustiçados, mas espero que consigamos fazê-lo ver, em breve, que se se comparar com o próximo vai ser infeliz a vida toda. não devemos exigir o que é material e não devemos mendigar o que não o é. seja o que for: não devemos jamais forçar o que não nos quiserem dar. é nisto que eu acredito. é isto que pratico. ser feliz com o que se tem.

happiness is not always a choice, but even so, life is 90% the way you look at things. happiness comes from within.




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