do pano

quando olho para as minhas amigas vejo que os 40 não pesam, sou eu que peso nelas... impecáveis e giras, firmes e radiantes, ligeiras e cabelos pantene®️. 
achei que estava bem orientada, que ia num bom caminho, perdi peso mas depois ganhei-o de volta, mantive as brancas mas meti-me em ondas, não enfiei um par de mamas nem arranjei um PT, e assim de pés na água sinto que talvez devesse ponderar alguns ajustes... não será agora, que no verão não se pensa direito, mas hei-de pensar no assunto. 
nunca fui amante do sol e do esquema lagarto, de torrar a pele até à alma, mas eis-me aqui esparramada na areia, sozinha na praia, luxo que não gozava há mais uma década e sou então obrigada a olhar por mim abaixo... headphones cheios de música inspiradora, olhos nos pés, nos sinais, nos pneus e nas manchas. nem nos livros me distraio, penso no ridículo de não me lembrar de estar assim, foco em mim. estou aqui a pensar se me chateie com uma mancha que apareceu ontem de manhã... nem em 4 gravidezes nem em 40 verões, mas hoje sim, saltou com toda a pompa para a frente da testa! 

que vieste aqui fazer pano?... lembrar-me de que ainda estou em tempo de mudanças? aceito. 

levanto-me e vou ao banho e aos 40 perco finalmente o medo das algas e mergulho, de cabeça.

o pano fica.