do choro
o que eu não sabia, tenho aprendido, uns dias a bem, outros nem tanto. mas aprendo-me todos os dias, dedico mais tempo para o fazer, e descubro coisas boas e inevitavelmente coisas más. potencio o bom o melhor que sei e falho rotundamente nalguns dias. falhei, tenho falhado. e nesses dias há um choro que não é de tristeza, de fúria ou sequer de desespero. é um choro de desabafo talvez, é um cansaço que me quebra de dentro para fora, inesperado e sem aviso.
e insisto que tal coisa nunca me tinha acontecido, mas revejo os padrões e talvez sim, já estive aqui, neste estado cansado e suave que depois passa. tem passado, porque me relativiza e traz à tona o bem que me corre a vida, além das minhas fragilidades ou fracassos ou inexplicável vontade de chorar. e por isso engulo o choro e envergonho-me da fraqueza líquida feito soro.
hei-de chorar muito e para sempre. tempero-me a sal e banho-me a mar
e assim reponho lágrimas e sei que as posso chorar sempre que elas
quiserem, vou sempre ter que chegue para quando fizerem sentido, além
deste fenómeno inexplicável.
perguntavam-me outro dia por que me arranjava em confinamento. pois eis a minha resposta : de rímel choro menos, não vá estragar a maquilhagem. mantive o exercício da selfie diária, apanhei-me em momento feios e maus e decidi que ficam para a posteridade, porque também sou feita deles.
não procuro consolo ou explicação, só normalizar, talvez, a facilidade com que uma pessoa pode chorar.
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