das coisas inúteis
não moro na minha rua há tantos anos quanto isso, e sempre lhe vi inutilidade, no céu e na terra.
cheia de trilhos de eléctricos que já não passam, e de catenária onde já só pousam pássaros. em tempos de ressabio ou quando sinto o carro alinhar demais na suavidade do metal, penso que só por inércia e preguiça se mantém tais monos. mas em dias mais leves penso que há ainda esperança para eles, imagino que ainda venham a ser úteis, e se não o forem, que sejam só adorno bonito da minha rua. descanso para os cansados, memórias para os antigos, inspiração para o futuro.
Comments