das redes

parece um cliché, mas confirma-se: afastar-nos das coisas dá-nos novas perspectivas. 

afastei-me das redes sociais, das vulgas. permaneço nas que não considero uma rede mas quase um álbum de fotografias (versus uma revista que seria o resto da panóplia de redes e perfis). em jeito meio agridoce, é verdade, mas nem sempre as decisões certas são boas ou sabem bem (podemos ficar tristes depois de tomar as decisões certas?... ) é que sinto nostalgia da mísera fama, de uns likes de ilustres desconhecidos ou da discussão de idiossincrasias com amigos que nunca vi. 

vou espreitando uns, vou ouvindo outros. faço-lhes chegar um olá ou um like, mas confirmo, com algum alívio também, que outro cliché da vida é que o que está longe da vista, ficará mais facilmente longe do coração. achando que a curaduria das relações de carne e alma é já tão delicada e complicada, vive-se na ilusão de que será fácil (des)cuidar das outras, basta desinstalar aplicações, fechar janelas, unsubscribe podcasts ou bloquear ou unfollow. mas não, do lado de dentro as coisas perduram ainda, vão dissipando, mas ainda pairam e visitam-nos no decorrer dos dias. 

como tudo o que vivemos, permanece, (e ainda bem) servirá um propósito, deixa qualquer coisa, faz de nós o que somos. melhores, porque de tudo podemos escolher só guardar - só que é bom de guardar (diria a Mafalda Veiga) - o melhor, ou tentar. e crescer assim, a tentar ser melhor.

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