da peri _ pausa

⁣o futuro vai sempre à minha frente⁣. ando a envelhecer todos os dias, às vezes vários dias de uma vez só. ⁣

decorridos 10 quilos para trás e depois 6 para a frente, volto com um sumário cliché. a idade avança e nem sempre suave ou discretamente. inúmeros incidentes, acidentes e factos corroboram esta teoria. 

software: voos comprados para um dia e tentados apanhar no dia seguinte, máquinas compradas para lisboa que são entregues no porto, bilhetes comprados para vários espetáculos no mesmo dia, malas que não chegam a sair de casa, recados de 'lembra-me amanhã, e esquecidos em minutos, ansiedades de sobressalto, procrastinação e inércia instaladas;

hardware: cabelo constantemente oleoso e couro cabeludo em obras, calores e calafrios, pernas que são troncos, peso que não desce nem à força de dieta, espinhas de adolescente, gengivas de quem usa dentadura, dores em articulações que desconhecia, enxaquecas e cefaleias, apetites de sal e vontade de fumar, sede, telemóvel a um braço de distância para o conseguir ler

diz-me o A. que isto não é diferente de há 4 ou 5 anos, mas é. e a piada de não me importar de envelhecer não contou com estas pequenas peripécias e portanto dias há que não têm piada nenhuma. nem sequer o charme que eu achava que as brancas e as rugas me haviam de dar. achei que ficaria uma Diane, Sarah ou Meryl sem passar por isto...

tudo certo que já não nos importamos com muita coisa, e bem, e que já não duvidamos tanto de nós mesmo e que somos melhores em muita coisa, mas sinto-me a piorar em algumas outras e fazer dupla confirmação de tudo... claro que estarei sugestionada por perfis de gente mais velha, por livros de gente idónea, por ideias daquilo que viria a ser a velhice, por artigos de revista que nos tentam preparar para tudo isto, pela publicidade que me invade com seguros ou cremes para 'mulheres de 44 anos', por colegas que dizem: - calor? não! estás avariada... 

falta-me uma tribo próxima que sincronize comigo nisto para sentir que não estarei a alucinar, para debater estes sintomas com mais tempo do que o de um café no Corsel ou a preparar uma alface na cozinha. 

abençoadas férias que aí vêm, onde espero ver outros decotes encorrilhados como o meu,  ancas que já não seguram coisa nenhuma, e sacos de chá no lugar de mamas. tudo a puxar dos óculos para jogar canasta e a bater umas bolas com a raquete da praia mas nada de correr atrás da bola. a sacar de leques e a abdicar do martini que dá ressaca como nunca antes. não alucino nem exagero: estou perimenopausa ou qualquer coisa parecida. e não estou sozinha pois não?

 


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